Ano Europeu da Educação para a Cidadania Digital quer promover uma vivência digital crítica, segura e construtiva
A conferência de lançamento do Ano Europeu da Educação para a Cidadania Digital (AEECD), com o tema Empowering learners for a democratic future, realizou-se nos dias 23 e 24 de janeiro, em Estrasburgo, França.
No encontro, que contou com a participação de governantes, investigadores, educadores, profissionais dos media e das indústrias tecnológicas e organizações juvenis de toda a Europa, foram apresentados os objetivos do AEECD.
Foi ainda traçado um retrato europeu da educação para a cidadania digital (ECD) e lançadas as expectativas para as iniciativas a desenvolver durante este ano.
A Professora Fernanda Bonacho, titular da Cátedra UNESCO Comunicação, Literacia Mediática e Cidadania, da ESCS-IPL, esteve presente na conferência, tendo tido a oportunidade de conhecer projetos e parceiros empenhados na ECD.
No primeiro dia da conferência, Elizabeth Milovidov, especialista em parentalidade digital e professora de Direito, destacou os desafios de uma sociedade cada vez mais complexa. Enfatizou que esses desafios representam uma oportunidade para que todas as partes interessadas colaborem na promoção da proteção das crianças, da resiliência e do envolvimento ético e responsável no ambiente online.
Além dos painéis de discussão entre peritos dos Estados-membros, a Rede de Promotores do Conselho da Europa, que visa promover a consciencialização da importância da ECD e é liderada pelo português Vítor Tomé, apresentou as atualizações sobre iniciativas de ECD. Entre os destaques estão: a estrutura curricular e o repositório de recursos de aprendizagem da ECD; os cursos de formação para professores; o desenvolvimento de soluções para a infância; a educação para a emergente cultura de videojogos; e as orientações para apoiar parcerias equitativas em ECD em todos os setores.
O primeiro dia terminou com várias sessões de trabalho, onde decorreram debates, com muita participação, sobre a forma como a ECD deve ser integrada no currículo escolar e sobre a importância de educar os pais e os idosos, bem como os jovens estudantes, para que a aprendizagem digital seja uma aprendizagem ao longo da vida.
O segundo dia foi marcado por um debate sobre os sobre os desafios e oportunidades na comunicação digital, com destaque para o especialista Andy Demeulenaere, da Mediawijs e do grupo de trabalho de cidadania digital da European Schoolnet, que sublinhou a importância do trabalho colaborativo, e David Mekkaoui, da All Digital, que aposta no desenvolvimento de competências através de um consórcio de mais de 90 organizações europeias.
Na sessão plenária final, foram discutidos os conceitos e objetivos estratégicos do plano para o AEECD, incluindo comunicação, colaboração internacional, envolvimento das partes interessadas, prioridade política e integração da ECD na educação e formação.
Porquê este tema e porquê agora?
Tendo em conta “os desafios e as oportunidades que têm surgido e sido ampliadas pelas tecnologias e o ambiente digital”, o Conselho da Europa identificou a “necessidade urgente de aumentar os esforços e o investimento” nas competências digitais dos cidadãos europeus.
Este organismo deseja que este ano seja um “momento de viragem decisivo” para os países europeus e funcione como uma “plataforma estratégica” para que os atores-chave — entidades públicas e privadas e sociedade civil — trabalhem em conjunto.
No fundo, é “uma oportunidade única para aumentar a visibilidade e o impacto da educação para a cidadania digital e reafirmar o seu valor”, resume a nota do programa da conferência de lançamento.
A decisão de designar 2025 o Ano Europeu da Educação para a Cidadania Digital foi tomada em setembro de 2023 na Conferência Permanente de Ministros da Educação dos Estados-membros do Conselho da Europa.
Cidadania digital: de utilizadores passivos a cidadãos responsáveis
A cidadania digital tem como objetivo equipar os cidadãos com conhecimentos, competências e valores que permitam uma vivência crítica, segura e construtiva do mundo digital.
Nesse sentido, a cidadania digital integra não só os conhecimentos técnicos necessários para uma experiência online eficaz, mas também a noção dos valores éticos e legais associados aos ambientes digitais e uma atitude crítica e de reflexão que garanta o bem-estar individual e coletivo.
A meta é “criar espaços digitais em que o respeito, a diversidade e os valores democráticos estejam no centro das interações”, pode ler-se no site do Conselho da Europa dedicado ao AEECD, onde podem também ser encontrados materiais e recursos para todos aqueles que queiram participar e desenvolver iniciativas no âmbito da cidadania digital.